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O futuro é serial?

Autores, editores e agentes literários em geral podem ter demorado um pouco, mas caíram na real à tempo de conquistar um filão. As sagas, séries e afins são a pedida da vez, ainda mais em tempos de internet. Por quê “em tempos de internet”? Explico: antigamente, o que reunia um grupo de seguidores de um filme, banda, livro e afins eram os fã clubes, que acabavam sendo meio limitados por conta de espaço, distância e afins. Com a internet, a difusão das fan pages é um fenômeno. Quer dizer, tem fan page para tudo (absolutamente tudo) que você imaginar.
Dessa forma, pessoas e pessoas passam horas em frente ao computador discutindo méritos,características, reviravoltas e o que mais vier pelo caminho de suas histórias favoritas. HarryPotter, ouso dizer, foi um dos primeiros beneficiados com isso (aviso aqui que estou pensandonos livros surgidos já em tempos de internet, caso contrário, obviamente teríamos outrassagas como O Senhor dos Anéis e afins). A quantidade de sites, fan fics e fan pages dedicadasao bruxinho e sua turma é incrível.
E, claro, não são só as sagas que contam com esse público, mas temos de convir que quanto mais livros, mais histórias. Quanto mais histórias, mais detalhes a serem debatidos. E, não sei quanto a vocês, mas ultimamente tenho tido um pequeno probleminha em ler livros “solitários” (aliás, existe um nome para falar de livros que não fazem parte de saga? Ou eles são só livros mesmo?). Entre minhas últimas leituras estão Destino, Especiais e JogosVorazes, todos com suas devidas continuações (ou antecedentes). Li também Lonely Hearts Club e Sábado à Noite (finalmente!) e acabei criando para eles um tipo de associação.
Ou seja, acabamos condicionados a esperar por mais. Esperar pela continuação ou por algo semelhante que supra a nossa necessidade do que um único livro não foi capaz de cobrir. Não estou querendo tirar o mérito dos livros avulsos, de forma alguma. Mas quando um livro é bom, muito provavelmente ele vai deixar aquele gostinho de quero mais. É um dos motivos pelos quais nós o consideramos bom.
E aí entra uma outra coisa: nunca, jamais, em hipótese alguma, os autores deveriam serpermitidos de escrever continuações ruins para nossos livros favoritos. Não tem nada maisfrustrante do que ansiar por um livro, compra-lo, sentar para ler com aquela paz budista e sair frustrado. Experiência própria, dá vontade de ir atrás do autor e pedir para ele voltar atrás detudo que escreveu.

Dessa forma, é importante saber a hora de parar. Entendo o mundo capitalista que diz que enquanto algo é rentável nãotem porque deixar de fazê-lo, mas sou à favor de pessoas que primam pela qualidade, ao invés da quantidade. Sou contra toda e qualquer forma de destruição de alguma coisa boa (não que eu não seja contra a destruição de coisas ruins, é que elas simplesmente não me importam. Fora que o que eu acho bom, alguém pode achar ruim e isso gera uma bola de neve).
O que eu vejo acontecer no mercado editorial YA dentro de poucos anos? Um crescimento ainda maior do número de séries/sagas/afins, com um marketing ainda maior (alguém já deu uma passada no site de divulgação de Destino, por exemplo? Tem até um aplicativo que “simula” a escolha do par, gente!) e milhares de fan pages por aí.
E não que isso seja ruim, de forma alguma. Mas em alguns momentos precisamos ter em mente que as coisas tem um fim. Que às vezes é só isso e nada mais. Que, por mais que possanão parecer, aquilo era tudo que deveria ser dito. Assumo: se um dia meu livro saísse da minha cabeça eu gostaria de que ele fosse filho único, sem continuações ou antecedentes. Mas também não sei se conseguiria colocar em um só volume a história mirabolante que venho pensando há algum tempo.


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