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Noções de crença



- Pai, você acredita? - Perguntou a menininha sentada no canto da sala.

-Acredito em que? - Indagou o pai sem desviar os olhos da tela do computador.

_ Nisso que disse o moço.

- Mas o que é que o moço disse, princesa?

Com um tom de irritação, a pequena suspirou, e disse:

- Nos intraterrestres, pai. Você num viu o moço falando?

O pai, ainda absorto no computador não ouviu a pergunta e não parecia se importar em responder, então, ela levantou, arrumou o vestido, e foi para o quarto da mãe:

- Mãe, você acredita no que o moço disse? - perguntou enquanto escalava a imensa distância que separava a cama do chão.

A mãe deixou o livro de lado e abriu os braços para receber a pequena:

- E o que foi que o moço disse?

Ela sabia que a mãe teria tempo para um relato completo, e então começou a contar a reportagem assistida minutos antes, usando todos os recursos aprendidos na escolinha na semana anterior, quando a Tia ensinara aos pequenos como contar uma história. E concluiu com a mesma pergunta que fez ao entrar no quarto:

- Você acredita mãe?


A mãe já desconfiava que a filha andava assistindo tv demais. Culpa do pai que sempre a coloca para brincar na frente da tv, pensou enquanto tentava bolar uma resposta. Se ele tivesse jogando com ela, ou lendo uma história, ela não teria que enfrentar um debate sobre "intraterrestres" antes do sono. E se a menina tivesse pesadelos? Onde aquele louco estava com a cabeça?

A menina assistiu a todas as mudanças de expressão facial da mãe, arrastou se para o chão e foi procurar alguém que lhe pudesse responder. O irmão mais velho dormia no próximo quarto, e a irmã não a deixaria entrar se ela batesse na porta. Então, sem dar um pio, entrou no quarto e sentou na porta do banheiro. Quando ela sair, vai me ver e me contar tudo sobre essa história, pensou a pequena.

A televisão ligada lhe chamou atenção: um monte de gente dançava e cantava no meio da rua. A garotinha se levantou e começou a dançar também. Girava e sentindo o vento no rosto, sorria. A mãe, maravilhada assistia ao baile da pequena, aliviada, talvez tivesse ela esquecido dos ets.

A música parou, a menina sentou, com o rosto rubro, sorriu para mãe e disse:

- Você me conta uma história antes de dormir.

- Claro, anjo. Vamos pra cama?

Já acomodada na cama, entre as cobertas e a mãe, a pequena olha para mãe com olhos suplicantes e diz:

- Mãe, me conta uma história de intraterrestres.

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