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Papeis Avulsos

Esse foi um daqueles livro que fica empilhado esperando que um buraco para ser lido, já que o ritmo do autor é é um velho conhecido seu. Mas prepare-se: Machado é sempre Machado, e querendo ou não, você vai acabar surpreso com algum pontinho camufaldo do livro.

Papéis avulsos é o terceiro livro do escritor Machado de Assis, em sua fase realista. Foi lançado em 1882. Os sábios dizem que este livro pode ser considerado um momento de ruptura na escrita do autor começando pelo  "título, sugerindo casualidade no arranjo dos escritos, tem-se a postura sutilmente corrosiva e implacável na representação dos desvios à norma ou da incapacidade de se estabelecer uma norma para uma sociedade estruturada em bases contraditórias e violentas, sob uma camada muito tênue de civilidade."  Daqui!

Quanto aos contos: uns são memoráveis, outros só rasoáveis. Como sou uma fã do estilo do Machadão gostei de todos. Eles vão do tradicional "O Alienista", passam pelo  viajante "A Chinela Turca" , tem um relato bíblico "Na arcca" e a superesa deste livro foi o conto: "Uma Visita de Alcibíades".

Para quem se animou existem alguns sites na núvem que disponibilizam  todos os contos, como o esse.

No mais, deixo para vocês uma advertência do próprio Machado:

"Este título de Papéis avulsos parece negar ao livro uma certa unidade; faz crer que o autor coligiu vários escritos de ordem diversa para o fim de os não perder. A verdade é essa, sem ser bem essa. Avulsos são eles, mas não vieram para aqui como passageiros, que acertam de entrar na mesma hospedaria. São pessoas de uma só família, que a obrigação do pai fez sentar à mesma mesa.

Quanto ao gênero deles, não sei que diga que não seja inútil. O livro está nas mãos do leitor. Direi somente, que se há aqui páginas que parecem meros contos, e outras que o não são, defendo-me das segundas com dizer que os leitores das outras podem achar nelas algum interesse, e das primeiras defendo-me com São João e Diderot. O evangelista, descrevendo a famosa besta apocalíptica, acrescentava (XVII, 9): "E aqui há sentido, que tem sabedoria." Menos a sabedoria, cubro-me com aquela palavra. Quanto a Diderot, ninguém ignora que ele, não só escrevia contos, e alguns deliciosos, mas até aconselhava a um amigo que os escrevesse também. E eis a razão do enciclopedista: é que quando se faz um conto, o espírito fica alegre, o tempo escoa-se, e o conto da vida acaba, sem a gente dar por isso.

Deste modo, venha donde vier o reproche, espero que daí mesmo virá a absolvição.
Outubro de 1882
                                                                             MACHADO DE ASSIS."

 

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jogo do anjo

- Você quer viver?
Quis responder, mas não encontrei palavras. Percebi que tinha um nó na garganta e que meus olhos se enchiam de lágrimas. Até então, não tinha compreendido o quanto desejava continuar a respirar, continuar a abrir os olhos toda manhã e sair para a rua, pisar as pedras e ver o céu e, sobretudo, continuar recordando.
Fiz que sim. - retirado do livro O jogo do Anjo de Carlos Ruiz Zafón

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que tal guardar seus livros assim?

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Dez mandamentos do Leitor

A revista EntreLivros publicou a um tempo atrás publicou o Decalógo do leitor, uma matéria contendo um guia para se tornar um "bom" leitor:


- Nunca leia por hábito: um livro não é uma escova de dentes. Leia por vício, leia por dependência química. A literatura é a possibilidade de viver vidas múltiplas, em algumas horas. E tem até finalidades práticas: amplia a compreensão do mundo, permite a aquisição de conhecimentos objetivos, aprimora a capacidade de expressão, reduz os batimentos cardíacos, diminui a ansiedade, aumenta a libido. Mas é essencialmente lúdica, é essencialmente inútil, como devem ser as coisas que nos dão prazer.

II - Comece a ler desde cedo, se puder. Ou pelo menos comece. E pelos clássicos, pelos consensuais. Serão cinqüenta, serão cem. Não devem faltar As mil e uma noites, Dostoiévski, Thomas Mann, Balzac, Adonias, Conrad, Jorge de Lima, Poe, García Márquez, Cervantes, Alencar, Camões, Dumas, Dante, Shakespeare, Wassermann, Melville, Flaubert, Graciliano, Borges, Tchekhov, Sófocles, Machado, Schnitzler, Carpentier, Calvino, Rosa, Eça, Perec, Roa Bastos, Onetti, Boccaccio, Jorge Amado, Benedetti, Pessoa, Kafka, Bioy Casares, Asturias, Callado,Rulfo, Nelson Rodrigues, Lorca, Homero, Lima Barreto, Cortázar, Goethe, Voltaire, Emily Brontë, Sade, Arregui, Verissimo, Bowles, Faulkner, Maupassant, Tolstói, Proust, Autran Dourado, Hugo, Zweig, Saer, Kadaré, Márai, Henry James, Castro Alves.

III - Nunca leia sem dicionário. Se estiver lendo deitado, ou num ônibus, ou na praia, ou em qualquer outra situação imprópria, anote as palavras que você não conhece, para consultar depois. Elas nunca são escritas por acaso.

IV - Perca menos tempo diante do computador, da televisão, dos jornais e crie um sistema de leitura, estabeleça metas. Se puder ler um livro por mês, dos 16 aos 75 anos, terá lido 720 livros. Se, no mês das férias, em vez de um, puder ler quatro, chegará nos 900. Com dois por mês, serão 1.440. À razão de um por semana, alcançará 3.120. Com a média ideal de três por semana, serão 9.360. Serão apenas 9.360. É importante escolher bem o que você vai ler.

V - Faça do livro um objeto pessoal, um objeto íntimo. Escreva nele; assinale as frases marcantes, as passagens que o emocionam. Também é importante criticar o autor, apontar falhas e inverossimilhanças. Anote telefones e endereços de pessoas proibidas, faça cálculos nas inúteis páginas finais. O livro é o mais interativo dos objetos. Você pode avançar e recuar, folheando, com mais comodidade e rapidez que mexendo em teclados ou cursores de tela. O livro vai com você ao banheiro e à cama. Vai com você de metrô, de ônibus, e de táxi. Vai com você para outros países. Há apenas duas regras básicas: use lápis; e não empreste.


VI - Não se deixe dominar pelo complexo de vira-lata. Leia muito, leia sempre a literatura brasileira. Ela está entre as grandes. Temos o maior escritor do século XIX, que foi Machado de Assis; e um dos cinco maiores do século XX, que foram Borges, Perec, Kafka, Bioy Casares e Guimarães Rosa. Temos um dos quatro maiores épicos ocidentais, que foram Homero, Dante, Camões e Jorge de Lima. E temos um dos três maiores dramaturgos de todos os tempos, que foram Sófocles, Shakespeare e Nelson Rodrigues.

VII - Na natureza, são as espécies muito adaptadas ao próprio hábitat que tendem mais rapidamente à extinção. Prefira a literatura brasileira, mas faça viagens regulares. Das letras européias e da América do Norte vem a maioria dos nossos grandes mestres. A literatura hispano-americana é simplesmente indispensável. Particularmente os argentinos. Mas busque também o diferente: há grandezas literárias na África e na Ásia. Impossível desconhecer Angola, Moçambique e Cabo Verde. Volte também ao passado: à Idade Média, ao mundo árabe, aos clássicos gregos e latinos. E não esqueça o Oriente; não esqueça que literatura nenhuma se compara às da Índia e às da China. E chegue, finalmente, às mitologias dos povos ágrafos, mergulhe na poesia selvagem. São eles que estão na origem disso tudo; é por causa deles que estamos aqui.

VIII - Tente evitar a repetição dos mesmos gêneros, dos mesmos temas, dos mesmos estilos, dos mesmos autores. A grande literatura está espalhada por romances, contos, crônicas, poemas e peças de teatro. Nenhum gênero é, em tese, superior a outro. Não se preocupe, aliás, com o conceito de gênero: história, filosofia, etnologia, memórias, viagens, reportagem, divulgação científica, auto-ajuda – tudo isso pode ser literatura. Um bom livro tem de ser inteligente, bem escrito e capaz de provocar alguma espécie de emoção.

IX - A vida tem outras coisas muito boas. Por isso, não tenha pena de abandonar pelo meio os livros desinteressantes. O leitor experiente desenvolve a capacidade de perceber logo, em no máximo 30 páginas, se um livro será bom ou mau. Só não diga que um livro é ruim antes de ler pelo menos algumas linhas: nada pode ser tão estúpido quanto o preconceito.

X - Forme seu próprio cânone. Se não gostar de um clássico, não se sinta menos inteligente. Não se intimide quando um especialista diz que determinado autor é um gênio, e que o livro do gênio é historicamente fundamental. O fato de uma obra ser ou não importante é problema que tange a críticos; talvez a escritores. Não leve nenhum deles a sério; não leve a literatura a sério; não leve a vida a sério. E faça o seu próprio decálogo: neste momento, você será um leitor.


Seguia-os ou não. Torna-se um bom leitor é opcional, o fundamental é se tornar Leitor.
 

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Meu primeiro Chico Buraque! Peguei o livro esperando ser lida por ele em algum momento, como sempre acontece com suas canções, mas não foi bem isso o que aconteceu. O livro, aclamadíssimo pela imprensa e ganhador de prêmios (Jabuti 2010, Portugal Telecon 2010), não conseguiu me animar.
A história é contada por Eulálio d'Assumpção, assim com P de aristocrata mesmo, um velho a beira da morte que vai desfiando fatos da sua vida para quem quiser ouvir: uma enfermeira, sua filha, seu neto...
Como um típico aristocrata, ele viveu os bons momentos da família, passou por Paris e seus hoteis caros, pela vida social do Rio de Janeiro, viu um bocado de fatos históricos brasileiros mas caiu de nível e acabou indo parar em um bairro "afastado" nos fundos de uma igreja evangélica.O título, a meu ver, foi uma "referência" a sua esposa, Matilde, uma cópia de uma Capitu. O enredo é comum, bom, mas não o Chico Buarque que eu esperava.
Passei todo o livro apática, não me envolvi, como acontece nas canções do gênio. Tinha, até mesmo, programado a leitura de outros títulos do Chico. Mas depois deste, eles vão ficar na estante por um bom tempo.
Sobre o autor:
Francisco Buarque de Holanda nasceu no Rio de Janeiro em 19 de junho de 1944, filho do historiador Sérgio Buarque de Holanda. Foi criado em São Paulo. Em 1963 ingressou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, mas não concluiu o curso. Seus rumos já eram outros: aos 22 anos venceu o Festival de MPB da TV Record, com a canção ´A banda´. Nesse mesmo ano lançou seu primeiro disco, e no seguinte escreveu a peça ´Roda viva´, que foi proibida pela censura. Chico esteve exilado em Roma entre 1969 e 1970. De volta ao Brasil, teve ainda problemas com a censura, que proibiu canções e a peça ´Calabar, o elogio da traição´. Para driblar os censores, Chico adotou o pseudônimo Julinho da Adelaide. Sua peça ´Gota d´água´, baseada na tragédia ´Medéia´, de Eurípides, foi encenada em 1975. A ´Ópera do malandro´ (1978), foi baseada na ´Ópera dos três vinténs´, de Bertold Brecht. Em todas essas peças há canções que se tornaram clássicos da MPB, assim como nas trilhas sonoras que Chico assinou, como as de ´Dona Flor e seus dois maridos´ e ´Bye Bye Brasil´. O romance ´Fazenda Modelo´ (1973) foi bem recebido pela crítica, e ´Estorvo´ e ´Benjamin´ (1995) foram traduzidos para vários idiomas. É impossível retomar a história dos últimos 50 anos da cultura brasileira sem mencionar Chico Buarque.

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Voltando para seus livros

Como vários livros acabam viram filmes e seus personagens saem das páginas para as telonas, a  artista plástica canadense Lissy Laricchia  resolveu fazer o processo reverso: devolver os personagens para os livros.  No seu ensaio  Get Back In Your Book (Volte para seu livro), ela leva para o livro suas personagens feninas favoritas.

A ideia central do ensaio foi criticar a necessidade humana de criar um rosto para os personagens dos livros. Afinal, por mais que os livros nos apresentem dicas sobre a aparência dos personagens, é quase impossível que estes consiguiram ser reproduzidos conforme a imaginação do leitor.

Veja abaixo Alice, Hermione, Wendy e Bela  voltando para seus lares.



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