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Coleção Vaga-Lume

Primeira coleção literária voltada à faixa infantojuvenil, a Vaga-Lume ainda escreve a sua história. Iniciada na passagem entre 1972 e 1973, a série lançou títulos inéditos nos últimos anos, acompanhando a chegada de novos leitores, sem ser esquecida por gerações que cresceram embaladas por suas aventuras. Em vista da comemoração dos seus 40 anos, o projeto, a partir do fim deste ano, poderá despertar ainda mais o interesse do seu vasto público com reedições em versão impressa e agora também digital.

Nas redes sociais, como o Facebook e em blogs, já se percebe uma considerável expectativa em torno dos possíveis novos lançamentos. A editora de paradidáticos juvenis do grupo Abril - da qual a Ática faz parte -, Lígia Azevedo, entretanto, afirma que, por enquanto, ainda não há uma relação de quais volumes serão repaginados.

"Estamos em processo de definição de como essa comemoração será realizada. Não escolhemos ainda as histórias nem os autores. Mas é possível que algumas sejam editadas em outros formatos", conta. 

Diante disso algo, porém, é certo: dentre os escritores, Marcos Rey (1925-1999), pseudônimo de Edmundo Donato, não estará entre os contemplados. "Suas obras não fazem mais parte do catálogo da nossa editora, por isso não serão relançados", explica Azevedo.

Desde 2005, as obras do autor paulistano, consagrado pelas tramas de mistério, vem sendo publicadas pele editora Global. Naquele ano, voltaram às livrarias "O Mistério do Cinco Estrelas", "Dinheiro do Céu", "O Enigma da Televisão" e "O Rapto do Garoto de Ouro", além dos adultos "O Enterro da Cafetina", "Soy Loco por Ti América", "Pêndulo da Noite", "O Cão da Meia Noite" e uma novidade, o romance "Mano Juan". 

Lembrados com nostalgia pelos leitores, atualmente adultos, os títulos conquistaram a repercussão mantida até hoje, por quatro décadas, especialmente, porque alcançaram uma forte presença no ambiente escolar, a partir de 1970. 

A pesquisadora e professora da PUC-PR Cátia Toledo Mendonça observa em sua tese de doutorado que a série ganhou esse espaço porque surgiu na esteira "da exigência da leitura de autores nacionais nas escolas de ensino fundamental, trazida pela Lei 5692, de 1971". Tal medida, segundo a autora, impulsionou a difusão dessas obras que, aos poucos, se tornaram referências. "A Ática fez um trabalho bastante agressivo. Além de haver esse incentivo para a leitura de autores nacionais, a editora enviava os volumes para os professores que faziam uso do material que tinham em mãos", lembra a autora. 

Larissa Warzocha, outra estudiosa da trajetória e do conteúdo da coleção, frisa também que apesar da adoção dos livros no ensino de literatura e língua portuguesa ser um motivo importante, esse não é o único para a permanência da série no mercado. A qualidade das narrativas foi fundamental. 

"As obras da série Vaga-Lume apresentam estratégias composicionais que buscam atrair e prender o jovem leitor em suas teias. Um exemplo é que em quase todas as obras há personagens jovens que vivenciam os problemas próprios da adolescência. O objetivo é que os leitores encontrem seu próprio universo e se identifiquem com a ficção. Além disso, as histórias são dinâmicas e repletas de suspense e aventura, o que, sem dúvida, pode ser uma porta de entrada para o mundo da literatura", afirma.

Deve-se também à longa duração da série, segundo Mendonça, a constante atualização das tramas que passaram a abarcar temas interessantes aos adolescentes de diferentes épocas. Um título que reflete essa dinâmica é "O Mestre dos Games" (2008), de Afonso Machado. "Aos poucos as gerações foram mudando e outros autores se juntaram ao time, que antes era comandado por Marcos Rey, Luiz Puntel e Lúcia Machado de Almeida, acompanhando também esse movimento. Isso permitiu que a série continuasse a cair no gosto dos jovens", observa. "Até hoje ela é muito lida e tem uma aceitação imensa", atesta.

Autor de quatro volumes da coleção (confira todos no quadro da página ao lado), Marçal Aquino recorda como a série inaugurou o que se consolidou no país com o segmento infantojuvenil. Indicado pelo jornalista e escritor Fernando Portela, ele começou a escrever para o projeto quando o editor Fernando Paixão enfrentava problemas com outro autor que sofria de um bloqueio.

"Eu entrei nesse vácuo, com um prazo curto para escrever e sem ter a menor ideia do que era essa tal literatura juvenil, inexistente no meu tempo de estudante. Mesmo assim, topei o desafio e resolvi contar uma história de turma de rua numa cidade do interior, uma coisa que já havia desaparecido naquele momento. Acabei me divertindo muito no processo de escrita - tive até de fazer uma pesquisa de gírias de época - e o livro ‘A Turma da Rua Quinze’ acabou virando um sucesso", lembra. "Ali o escritor é obrigado a escrever de igual para igual com o leitor, que no caso é jovem, um planeta absolutamente desconhecido para quem já se afastou dele", completa. 

Vi lá no Jornal O Tempo

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