Agualusa, Jose Eduardo. O Vendedor de
Passados. Gryphus, 2004, 199p
Sinopse:"Nada passa, nada expira / O passado é um rio que dorme / e a
memória uma mentira multiforme." A letra da canção que aparece logo no
primeiro capítulo do livro, resume a idéia central do mais recente romance de
José Eduardo Agualusa. É a história de um albino que mora em Luanda, Angola, e
que traça árvores genealógicas em troco de dinheiro. Estranho ofício, estranho
o personagem principal - o vendedor de passados falsos, Félix Ventura - e mais
estranho ainda o narrador: uma osga, um tipo de lagartixa. É ela que vai contar
como o albino Félix fabrica uma genealogia de luxo para seus clientes . São
prósperos empresários, políticos e generais da emergente burguesia angolana que
têm futuro assegurado, mas falta-lhes um bom passado. A vida de Félix anda
muito bem, até que uma noite recebe a visita de um estrangeiro à procura de uma
identidade angolana. E, então, numa vertigem, o passado irrompe pelo presente e
o impossível começa a acontecer. Sátira feroz à atual sociedade angolana, O
Vendedor de Passados é uma reflexão sobre a construção da memória e seus equívocos.
A história começa a ser contada por um
narrador comum, não há como desconfiar que ele seja uma osga (espécie de
lagartixa) tamanho é o seu modo "humano" enxergar as coisas. A osga vive na casa de Félix Ventura, um
albino, que vive de vender passado para as elite de sua cidade. A osga e Felix
conversam a seu modo e ela se sente encarnada na casa onde conhece cada fresta.
Um belo dia, vem à porta de Felix José
Buchmann, um fotógrafo de guerra em busca de um passado. Felix aceita o deafio
e lhe dá um passado, uma árvore genealógica, uma nova vida.
A osga tem lembranças de sua antiga vida
como humano e são essas lembranças e seus pensamentos que entregam todo o
charme para a história. Os sonhos de Eulálio, a osga, são constantes e ele
acaba por sempre encontrar os outros personagens neles. A parte interessante, é
que os personagem também acabam por se lembrar dos sonhos que tivera com a
foram humana da osga.
Outro ponto que chamou a atenção foi o fato
de José Buchmann acreditar tanto que seu passado criado, que começa a buscar
seus pais e acaba encontrando fatos reais que realmente coincidem com sua vida
inventada.
Claro que ainda tem romance: Felix se
apaixona por Ângela Lúcia, que também é uma fotógrafa. De nuvens, mas
fotógrafa.
Melhor parte: a história acaba ligar todos
os pontos antes de terminar, coisa que nos últimos livros que tenho lido tem
sido rara.
O livro pode ser apreciado por quem deseja
palavras leves e tocantes; por quem deseja um roterio bem original e por
aqueles que nunca leram uma linha de um autor angolano.
Frase
que marcou: "São as mentiras que fazem a
literatura"
Sobre
o autor: José
Eduardo Agualusa nasceu no Huambo, Angola, em 1960. Estudou Silvicultura e
Agronomia em Lisboa, Portugal. Os seus livros estão traduzidos para mais de
vinte idiomas. Também escreveu várias peças de teatro: "Geração W",
"Aquela Mulher", "Chovem amores na Rua do Matador" e
"A Caixa Preta", estas duas últimas juntamente com Mia Couto.
0 comentários:
Postar um comentário